Da Redação, com Vatican News
O Papa Francisco concedeu uma entrevista a Bernarda Lorente, jornalista da principal agência de notícias da Argentina, a Télam. O Santo Padre tocou em assuntos pertinentes como a pandemia, o cuidado com a casa comum, os jovens e o compromisso na política, como também a Igreja na América e as crises institucionais. Falou da guerra e também dos quase dez anos de seu pontificado.
Inicialmente, o Papa se deteve nas questões centrais das crises, onde compreende que, se compromissos assumidos pelos países não forem enfrentados, se tornarão sempre conflitos. “E o conflito é algo fechado, busca a solução dentro de si mesmo e se autodestrói. Não podemos voltar à falsa segurança das estruturas políticas e econômicas que tínhamos antes”.
Francisco, ao falar sobre a epidemia do coronavírus, confessou que alguns processos não o agradam. O exemplo dado é o da África, deixada sem um suprimento suficiente de vacinas. Ele vê, em suma, outros interesses na administração, à luz do fato de que – afirma – “algo não funcionou”. “Usar a crise em proveito próprio significa sair mal e, acima de tudo, sair sozinho”, reitera ele.
Entre as crises mais dramáticas está a guerra, à qual a entrevista dedica um exame aprofundado na segunda parte. A referência à Ucrânia é explícita, mas o Papa também lembrou, em uma abordagem progressiva de nossos dias, as tragédias de Ruanda, Síria, Líbano e Mianmar. “Uma guerra, infelizmente, é uma crueldade por dia. Na guerra, não se dança o minueto, mata-se”, aponta amargamente o Pontífice, denunciando novamente a estrutura de venda de armas que a favorece.
À luz destas observações, com a franqueza com que o Papa está acostumado a se expressar, confessa sua desilusão com o trabalho das Nações Unidas que – por mais que ajudem a evitar guerras (pensando em Chipre, por exemplo) – não consegue detê-las, “não tem nenhum poder”.
A outra crise, a ambiental, é vivida de forma distorcida e o homem faz da natureza algo utilitário. “Você a usa, ela o sobrecarrega. Estamos agredindo continuamente o universo”. “Usamos mal nossas forças”, afirma o Papa. A preocupação com o aquecimento global o leva a recontar mais uma vez a gênese da encíclica “Laudato Si”, e a apontar que a natureza não é vingativa, mas “não perdoa”, se pusermos em marcha processos degenerados.
Ao falar das juventudes, o Papa se detém no desengajamento político que parece estar emergindo inexoravelmente: “eles estão desanimados”, diz Francisco. O Pontífice inclui acordos mafiosos e corrupção entre as causas do desencantamento. Daí o convite do Papa para aprender, em vez disso, “a ciência da política, da convivência, mas também da luta política que nos purifica do egoísmo e nos faz progredir”.
No entanto, o Papa mostra que tem confiança nos jovens, mesmo que eles geralmente não vão à missa. O importante é ajudá-los a crescer e acompanhá-los. Em seguida, citando o compositor Mahler, lembra: “A tradição é a garantia do futuro”. Não se trata de uma peça de museu. É o que lhe dá vida, desde que faça crescer. É completamente diferente de ir para trás, que é um conservadorismo insalubre”.
Francisco também descreve o que ele considera os males de nosso tempo: narcisismo, desencorajamento e pessimismo, os males da chamada psicologia do espelho. Segundo ele, eles são combatidos com o senso de humor “que torna mais humano” e com o confronto, com a filosofia da alteridade.
Em vista dos dez anos da sua eleição em 2023, ele foi solicitado a fazer um balanço de sua atividade na Cátedra de Pedro. O Papa Francisco enfatiza que “reuniu tudo o que os cardeais haviam dito nas reuniões pré-conclave”. “Creio que nada seja original da minha parte”, admite, “mas eu comecei o que todos tínhamos decidido juntos”.
Mesmo diante da escuta do colegiado e de ter levado pra frente tal síntese, Bergoglio reconhece que existe uma abordagem tipicamente latino-americana de ser uma Igreja em diálogo com o povo de Deus, que ele inevitavelmente imprimiu no Magistério. Aproveita a oportunidade, a este respeito, para lembrar o fato de que a Igreja “foi distorcida quando o povo não pôde se expressar e acabou sendo uma Igreja de chefes, com agentes pastorais no comando”.
“A Igreja latino-americana apresenta em alguns casos aspectos de subordinação ideológica”, continuou o Papa. “Houve e continuará havendo, porque esta é uma limitação humana. Mas é uma Igreja que soube e sabe expressar cada vez melhor sua piedade popular”.
O Pontífice reitera a importância de olhar o mundo a partir das periferias existenciais e sociais, precisamente à luz da ligação entre estas e o povo. Daí o convite para visitar idosos aposentados, crianças, bairros, fábricas, universidades, “onde se vive o cotidiano. E é lá que o povo se mostra”.
Quanto à importância da voz do Papa Francisco no mundo de hoje, em nível social e político, o Pontífice aponta para a coerência, entre o que ele sente diante de Deus e os outros, que guia suas ações e as suas afirmações. E acrescenta que não está preocupado se não conseguirem realmente mudar as coisas, embora ele queira que mudem.
Reflete sobre o fato de que tem que ter muito cuidado com o risco de manipulação de seu pensamento pela mídia e dá o exemplo de uma controvérsia que surgiu, no contexto dos comentários sobre a guerra na Ucrânia, pela omissão da condenação de Putin.
De modo mais geral, Francisco adverte contra as tendências da mídia que levam à distorção da realidade, enquanto comunicar, observa, significa “engajar-se bem”. E, a este respeito, evoca os quatro “pecados da comunicação”: desinformação (dizer o que é conveniente); calúnia (inventar em detrimento de uma pessoa); difamação (atribuir a alguém um pensamento que entretanto mudou); coprofilia (amor à sujeira, gosto pelo escândalo).
“A comunicação é algo sagrado” e deve ser feita com “honestidade e autenticidade”, salienta o Papa que, portanto, pede aos meios de comunicação uma objetividade saudável, “o que não significa que se trate de água destilada”. “O comunicador, para ser um bom comunicador, deve ser uma pessoa correta”, afirma.
Na parte final da entrevista, Bergoglio recorda a época do conclave, a mudança em sua vida após sua eleição, mas também retorna para recordar sua vida antes de tornar-se pontífice. “É a história de uma vida que continuou com muitos dons de Deus, muitas falhas de minha parte, confessa, muitas posições não tão universais. Na vida se aprende a ser universal, a ser caridoso, a ser menos maldoso”. Fala de altos e baixos no seu caminho e é grato por tantos amigos que o ajudaram, o acompanharam, tanto que ele nunca se sentiu sozinho.
A conversa foi concluída com uma espécie de autoanálise da personalidade de Bergoglio desde que se tornou papa: “Em minha vida tive períodos rígidos, nos quais pretendi demais. Então percebi que não se pode seguir esse caminho, que é preciso saber guiar. Esta é a paternidade que Deus tem”.
Ele não se esquiva de criticar sua atitude quando era bispo, na qual ele admite ter usado de severidade excessiva. Diz que a vida é bela se soubermos esperar, como Deus faz conosco, um traço do estilo de Deus que ele teria amadurecido com o tempo. “Teremos o Papa Francisco por mais um tempo?” pergunta a entrevistadora. “Deixemos a resposta para Aquele que está no alto”, brinca o Papa.
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