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Um novo estudo feito pelo especialista Charles Benbrook, da Universidade de Washington, contraria o principal argumento dos defensores do uso de sementes geneticamente modificadas. Estes alegam que a prática reduz o uso de pesticidas nas lavouras, mas o estudo constatou que o uso de defensivos agrícolas cresceu 7% desde que começaram a ser usadas as sementes manipuladas geneticamente.
No inicio, quando foram desenvolvidas as primeiras variedades de sementes modificadas, de fato houve uma redução no uso de pesticidas. O chamado algodão Bt, e o milho Bt que produziam o próprio herbicida, logo passaram a não ser mais as únicas variedades de sementes geneticamente modificadas disponíveis no mercado.
Com a chegada da empresa Monsanto e a sua linha de sementes modificadas, o efeito foi contrário. Os produtores passaram a utilizar apenas um tipo de agrotóxico, o RoundUp (que é fabricado pela Monsanto), e em maior quantidade. Benbrook decidiu descobrir quanto exatamente.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos havia encerrado seu programa de mapeamento do uso de pesticidas anos antes, o que obrigou Benbrook a estimar o uso total usando dados incompletos associados com outras fontes. A conclusão foi de que foram utilizadas cerca de 185 milhões de quilos a mais de pesticidas, desde a introdução das sementes modificadas em 1996, do que teriam sido usadas com sementes convencionais.
Para Graham Brookes da PG Economics, um grupo de consultoria especializado em biotecnologia que produziu seus próprios estudos sobre o tema, as conclusões de Benbrook são imprecisas e tendenciosas. Keith Kloor também acusou Benbrook de ser tendencioso por ser afiliado ao Organic Center.
No entanto, Kloor não mencionou que Benbrook é também ex “Executive Director of the Subcommittee of the House Committee on Agriculture with jurisdiction over pesticide regulation, research, trade and foreign agricultural issues”, além de ex-diretor executivo do conselho em agricultura da National Academy of Sciences.
Outra critica aos estudos é a de que, embora o uso do RoundUp tenha aumentado muito, ele é muito mais seguro do que outras alternativas de pesticidas. Mas existem evidências atualmente, inclusive de cientistas do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) de que o RoundUp não é tão inofensivo quanto se costumava pensar. Benbrook cita provas do aumento nos resíduos de defensivos presentes em produtos no varejo. Ele acredita que isso se deva ao fato de os produtores estarem usando dosagens mais altas para prevenir o aparecimento de ervas daninhas resistentes ao RoundUp.
Segundo Tom Lascawy, fundador da Food & environment Reporting Network, esse nem seria o maior dos problemas, já que muitos fazendeiros atualmente estão recorrendo a pesticidas mais antigos e mais tóxicos para controlar as ervas daninhas. Ainda segundo Tom, o 2,4-D, substituto comumente empregado, está relacionado ao câncer, neurotoxidade, problemas nos rins e fígado, efeitos reprodutivos e disfunções endócrinas.
Benbrook diz que os fazendeiros ficam sem opção e acabam comprando sementes modificadas resistentes a diversos ingredientes ativos e tratando o milho Bt com inseticidas que não eram utilizados antes. A situação só seria boa para a indústria de sementes e pesticidas que acumula lucros recordes, e se beneficia da difusão de ervas daninhas e insetos resistentes.
Vale lembrar que Benbrook não é totalmente contrário às sementes modificadas. Segundo ele, “mudanças profundas nos sistemas de manejo de ervas daninhas nas três maiores culturas geneticamente modificadas serão necessárias para, primeiro, estabilizar, e depois reduzir o uso de herbicidas”.
Ligação entre indústria e pesquisas
Existem estudos apontando que não há indícios de que os transgênicos prejudicam a saúde humana. Para Benbrook, é preciso estar atento ao fato de que a estas pesquisas são realizadas a partir de dados de segurança fornecidos pela indústria que desenvolve e comercializa sementes transgênicas.
Um artigo de 2009, publicado no The New York Times, registrou um protesto feito por alguns cientistas junto à EPA (agencia de proteção ambiental dos Estados Unidos) criticando a falta de independência nas pesquisas sobre transgênicos. Os realizadores do protesto alegam que enquanto sementes comuns podem ser facilmente obtidas para o desenvolvimento de pesquisas, as transgênicas só são liberadas com autorização do fabricante. Às vezes a autorização é negada ou o fabricante exige a revisão de qualquer resultado obtido antes que seja publicado.
Muitos cientistas nos EUA questionam a independência das pesquisas que apontam resultados positivos para o uso de transgênicos, entretanto, muitos outros alegam que as pesquisas que encontraram evidências de danos à saúde são pouco cientificas e tendenciosas. Quem perde com isso tudo é o consumidor, que não consegue saber se está ou não consumindo um produto seguro.
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