Corpus

2022-06-24 17:39:48 By : Mr. Edgar Zhou

TEMAS: Notas do PEvAU Promoção de Jerez em Londres Expropriação de uma fazenda Campos de férias Agenda de lazer Detentos de SanluqueñoConfira todas as informações em PDF no seu dispositivo favoritoÀ beira da colheita, pico da colheita, as marés âmbar se fundem com o mar, as ondas do campo se vestem de sol para se perderem entre horizontes branco-azulados de neblina.As espigas sacodem a cintura, douradas de fertilidade, naquele momento em que um estalo seco diz basta à seiva e o caule se rompe diante da foice.O fruto, uno e múltiplo, aparece nas mãos silenciosas do semeador, quando o arbrego envolve tudo e proclama o triunfo do inverno.Troca paradoxal das estações!Sob o domínio da aridez desolada, a semente, a semente pequena e perdida de dezembro, proclama-se vitoriosa.Em silêncio o sêmen foi se multiplicando na placenta do sulco, ampliou seu ser em milhares de espigas furtivas;É o milagre da mão semeadora: trigo duro e cachos, como torrente de vida aninhada no ar, como turbilhões de pão futuro, em ondas de graça sob a estrela implacável que pede a colheita, o forno, o saboroso pão de padaria , à vontade satisfeito com todo o trabalho Pão de trigo irmão!Algo mais do que pão.A espiga joeirada chegou a farinha fina, depois a massa, até se tornar pão acariciado que alcança o desejo de ser algo mais que comida.A matéria foi trespassada pela luz, peneirada e peneirada pelo Verbo para que seu corpúsculo de matéria pulverulenta saia de sua rigidez e entre naquele outro olhar de vislumbre imaterial, aberto a outra essência vislumbrada no leito das estrelas, onde o amor abraça a abóbada de o firmamento.Para além do sabor sem fermento do claustro corpóreo, o ser da terra sobe para crescer na mesa de mais uma refeição e alimentar a esperança insatisfeita do homem, para provocar a fome do intangível.Mas o pão transformado foi servido a comensais famintos de matéria.Que pena o pão infinito nas barrigas inchadas, nos olhares limitados, nas perspectivas obtusas de mentes embotadas!O novo e brilhante corpo de pão está sendo devorado, mastigado, engolido;não deram asas ao deleite, nem sentido aos sentidos.Eles o cortaram com uma faca;eles o olharam sem alma, sem olhos;eles só o engoliram. Que pena que tenha que ser comido assim, ao ritmo do riso e da embriaguez, jogado no chão para cães inconscientes! Que pena que o pão tenha sido assado só para a barriga! Judas ainda mergulha no prato da deserção!Que pena que ninguém alerte ao consumir o jantar transcendente e nutritivo!Corpus e Vida!Perdemos nossas vidas por não procurar a verdadeira, cavando na fonte decadente da insignificância, enquanto deixamos pedaços de nós mesmos nas direções erradas ao longo do caminho.Gostaríamos de provar e beber a fonte do Ser. E de onde tiramos a água?Só o Amor pode apagar a vida e nos salvar do potro fugitivo da nossa loucura.Ele é a fonte que abastece os rios, uma nascente que sacia a sede no deserto opressor desta vida que está sempre dividida entre a alegria e a briga, entre a razão e a loucura e pode se ajustar, enfim, na única coisa que transubstancia tudo: o Eucaristia.Esse tornar-se Ágape e refúgio para a criatura atormentada, esse ser o amor silencioso e o verdadeiro alimento.Tornou-se uma aurora cromática de luz extensa, água amanheceu, música calma, melodia, e uma cruz, uma árvore frondosa de frutos entregues.Trigo, colheita selvagem, grão moído, farinha, massa moldável nasceram para satisfazer nossos sabores defeituosos.Uma floresta de pulsações infinitas surgiu, entre o amado e o amado, em claro-escuro de flores e vegetais.Foi entregue no cacho simples e se fez sentir no sabor humilde do pão.Atordoado, afundado no seio-ventre da natureza, ele é agora um peregrino errante, em pedaços de si mesmo, para cada lugar onde nasce uma flor ou um fio de esperança.Derramado em raios de luz, no perfume de cada momento de beleza.Deixou-se esmagar em moinhos, beber em lagares e num mundo de tabernáculos abertos para a fome.É e é nos campos de trigo, nos pores-do-sol, como pores-do-sol sangrentos, nas auroras espumosas e nos balanços dos beijos que as ondas dão na areia.Estrela e custódia na liturgia simples da salmodia.Percorre ruas de lírios derramados em olhares interiores, em corações em chamas, apaixonados.Ele está se deixando tocar por um "eu te amo" que esvoaça pelo ar, deixando-se devorar.É nesse fluxo de balbucio íntimo, em ecos de silêncios amorosos ou, talvez, entre seus próprios desertores, no próprio ser da indiferença, no ângulo escuro do ressentimento, nas profundezas de tudo perdido, tentando restituir tanta loucura que ameaça contra a vida.Lá vai ela guardando a verdade perdida, talvez movendo seus bracinhos dentro de cada expectativa, nadando no “líquido amniótico” de todas as mães.Lá vai este imenso pão, embrião de Deus, umbilicado ao céu, à própria raiz de Tudo, que é Mistério.Ali está transubstanciando Amor, Bendita Custódia, Corpus de consciência limpa, árvore de galhos infinitos, de nuvens extensas, suspirando para que todos os pássaros nidifiquem em si mesmos, nos galhos crescidos de um grão de mostarda que perfuma a eterna primavera.Você precisa estar registrado para poder escrever comentários.© JolyDigital |Rioja 13, Mezanino.41001 Sevilha