THE NEW YORK TIMES LIFE/STYLE - Um armazém de 95.000 metros quadrados construído recentemente em Compton, Califórnia, preenche todos os requisitos para a indústria de armazenamento em expansão: tetos de quase 10 m de altura, um pátio de caminhões seguro e acesso a rotas de caminhões.
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Mas ele não será usado para carga ou armazenamento. A Plenty Unlimited, uma startup agrícola com sede em San Diego, está usando o local para uma fazenda vertical interna, que deve ser inaugurada ainda este ano.
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“É a capacidade de colocar a produção em qualquer lugar sem considerar o clima”, disse Arama Kukutai, diretor executivo da empresa. Os termos do arrendamento não foram divulgados, de acordo com Kidder Mathews, uma imobiliária comercial da Costa Oeste. As taxas de vacância na área são de cerca de 0,6%.
A Plenty Unlimited fornece aos supermercados Albertsons variedades de alface cultivadas em uma fazenda de menor escala nos arredores de São Francisco. O Walmart, um investidor, em breve venderá os produtos da Plenty em toda a Califórnia. E a Plenty tem aspirações além das verduras: no mês passado, anunciou planos com a Driscoll’s, uma vendedora de frutas silvestres, para desenvolver uma fazenda interna no Nordeste dedicada a morangos.
Em um momento em que as interrupções na cadeia de suprimentos continuam a desacelerar a distribuição, os consumidores adotam hábitos alimentares saudáveis e as mudanças climáticas devem afetar o rendimento das colheitas, uma prática conhecida como agricultura de ambiente controlado, incluindo fazendas verticais internas que dependem de luz artificial e tecnologia, está atraindo capitalistas de risco.
Mas o setor enfrenta desafios, incluindo altos custos de energia, limitações tecnológicas e a capacidade de escalonar a produção para manter as despesas baixas.
A agricultura em um ambiente controlado existe desde a década de 1970, disse Gene A. Giacomelli, professor de engenharia de biossistemas da Universidade do Arizona. O que tornou possível a mudança para espaços internos foi uma queda no preço das luzes LED, que caiu até 94% em 2015 em relação a 2008.
O termo fazenda vertical foi popularizado por Dickson Despommier, professor emérito de ciências da saúde ambiental da Universidade Columbia. Espera-se que a agricultura vertical cresça para US$ 9,7 bilhões em todo o mundo até 2026, de US$ 3,1 bilhões em 2021, de acordo com ResearchAndMarkets.com, uma empresa de análise de dados. A Pitchbook, uma empresa de dados financeiros e software em Seattle, rastreou 33 negócios no valor de quase US$ 960 milhões em 2021, acima dos US$ 865 bilhões do ano anterior e dos US$ 484 milhões em 2019.
A AppHarvest, uma produtora de estufas, recentemente abriu seu capital por meio de uma fusão com a Novus Capital. E em agosto, a BrightFarms, outra operadora de estufas, foi adquirida pela Cox Enterprises em Atlanta.
Os cientistas alertam que a tecnologia tem limitações, com luzes LED, sensores e sistemas operacionais aumentando os custos dos serviços públicos. “Eles não querem ser armazéns; eles querem ser instalações de produção de alimentos”, disse Giacomelli. “E as instalações de produção de alimentos nunca tiveram esse tipo de dinheiro.”
O dinheiro está criando demanda por espaço de armazém. A Kalera, uma empresa agrícola vertical com sede em Orlando, Flórida, colhe verduras e ervas culinárias lá e em Houston e Atlanta. Fazendas em Denver, Seattle, Honolulu e St. Paul, Minnesota, estão abrindo ainda este ano, e uma em Columbus, Ohio, está planejada para 2023. Há também fazendas em Munique e no Kuwait.
Os detalhes são difíceis de obter porque as fazendas preservam sua propriedade intelectual, projetos de sistemas de cultivo, materiais e estruturas.
“Todo mundo tem seu segredo”, disse Brent de Jong, presidente e diretor executivo da Agrico Acquisition Corp., que em janeiro anunciou uma fusão com a Kalera.
Mas, desde que o prédio usado como fazenda vertical atenda aos critérios de altura e evite altos custos de serviços públicos, “não há limite para onde posso colocar uma fazenda”, disse Austin Martin, diretor de operações da Kalera.
Um exemplo de como a agricultura de ambiente controlado está transformando o espaço industrial está evoluindo na Pensilvânia, que atende mercados de Boston a Richmond, Virgínia.
A Bowery Farming, com sede em Manhattan, está equipando uma fazenda de 150.000 metros quadrados no local de uma antiga usina siderúrgica em Bethlehem, Pensilvânia, que deve ser inaugurada em maio.
A Bowery também tem três fazendas em Kearny, Nova Jersey, duas das quais são para pesquisa e desenvolvimento. A terceira é uma operação comercial que atende mercearias e empresas de comércio eletrônico do Nordeste. Outra instalação, em Nottingham, Maryland, funciona com energia hidrelétrica. E a empresa anunciou planos de expansão perto de Atlanta e na área de Dallas-Fort Worth.
“É tudo uma questão de velocidade para o mercado”, disse Hans Tung, sócio-gerente da GGV Capital, anteriormente Granite Global Ventures, investidora da Bowery Farming.
Darren Thompson, diretor financeiro da Bowery, disse esperar que as novas fazendas de Bowery sejam semelhantes em tamanho à de Bethlehem. “Ter muitas diferenças de fazenda para fazenda prejudica minha capacidade de gerenciar os custos”, disse.
O local de Bethlehem tem um bom suporte de energia, capacidade de esgoto e água e cabo de fibra óptica, disse Peter Polt, vice-presidente executivo da J.G. Petrucci Co., que construiu a estrutura do edifício e o espaço dos escritórios. “Mas o inquilino equipou o prédio para o processo de cultivo”, acrescentou.
Os empresários também solicitam proximidade com centros de distribuição de alimentos para economizar nos custos de transporte, disse Brent Vernon, diretor executivo da equipe de ação do governador da Pensilvânia, que trabalha para trazer empresas para o estado. E ele disse que o financiamento estatal e os subsídios são avaliados com base em fatores como o redesenvolvimento de áreas industriais, taxas de desemprego e o potencial de criação de empregos.
A Bowery criará e manterá pelo menos 70 empregos em tempo integral nos próximos três anos e prometeu investir pelo menos US$ 32 milhões, disseram autoridades da Pensilvânia.
Alcançar uma escala que seja sustentável para as empresas pode significar expandir os tipos de culturas em sistemas verticais, de folhas verdes a videiras e culturas frutíferas, disse Russell Redding, secretário de agricultura da Pensilvânia. Por exemplo, a Bowery Farming anunciou planos para distribuir morangos em um lançamento limitado em Nova York.
Mas alguns cientistas têm dúvidas sobre a capacidade da indústria de escalonar e diversificar dadas as limitações da tecnologia atual. Os tomates consomem 60% mais eletricidade para crescer do que a alface, e os morangos consomem o dobro dessa quantidade, disse Bruce Bugbee, diretor do Laboratório de Fisiologia de Cultivos da Universidade Estadual de Utah em Logan.
“As luzes LED são cerca de 70%, próximas do seu máximo teórico” de eficiência, ele disse. O consumidor está pagando pelos custos de energia.
Morgan Pattison, presidente da Solid State Lighting Services em Johnson, Tennessee, e consultor do Departamento de Energia, foi mais direto. “Os LEDs não vão cair muito mais” em custo, disse. “Onde os investidores estão indo contra a física, terão dificuldades.” /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES
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