Datado de 18 de março, o tweet partilha uma publicação da conferência, com a supracitada declaração de Carlos Moedas em destaque, e acrescenta o seguinte comentário: "É isto que Carlos Moedas tem para dizer nos fóruns: Se instalarmos LED na iluminação pública, poupamos 80% de energia? Oh Moedas, há 10 anos que ninguém instala candeeiros na rua sem ser de LED. Que vergonha! Este tipo foi comissário europeu?"
Começando pela declaração de Moedas, sobre a poupança de energia, tem fundamento?
O Polígrafo contactou a Câmara Municipal de Lisboa (CML) para perceber quais os dados a que Moedas recorreu para calcular esta poupança e a autarquia cedeu vários artigos (pode consultar aqui, entre outros exemplos) que confirmam que a substituição da iluminação em alguns municípios permitiu uma redução do consumo em cerca de 75%.
A mesma fonte oficial sublinha que o autarca falava baseado em "estimativas de poupanças com base na alteração de tecnologia utilizada (passar de mercúrio ou vapor de sódio para LED)", enquadrando nestes valores "não apenas os dados da poupança real e direta mas também todo o modelo de gestão do próprio sistema (telegestão), tornando-o globalmente mais eficiente (exemplo: adequar o fluxo luminoso às necessidades reais da cidade)".
Contactado pelo Polígrafo, o professor do Instituto Superior Técnico especialista em ambiente e sustentabilidade, Manuel Duarte Pinheiro, confirma que a mudança da iluminação das ruas pode permitir uma poupança na ordem dos 80%, mas apenas se a troca for feita da tecnologia mais antiga para a mais recente.
"Depende do tipo de lâmpada. Quando as lâmpadas mais antigas (com uma eficiência de 10%) são trocadas pelas novas, com eficiências de 90%, isso pode acontecer. De 10% para 90% de eficiência energética pode chegar aos 80% de poupança”, sustenta.
E confirma-se que apenas se instalam candeeiros LED nas ruas de há 10 anos para cá?
Questionada pelo Polígrafo, a CML confirma que, desde 2010 até ao momento, toda a iluminação nova instalada na cidade é LED. No entanto, a autarquia sublinha que na sua declaração Moedas não se referia à eficiência energética dos novos candeeiros instalados no município - ao contrário do que o autor do tweet em tom crítico faz parecer - mas sim à poupança estimada quando se muda da tecnologia mais antiga para a mais recente.
"Quando se muda a tecnologia tem sido naturalmente para LED. Coisa diferente é a manutenção dos sistemas. E aí a larga maioria da tecnologia utilizada ainda não é LED", explica fonte oficial da autarquia.
A mesma fonte oficial acrescenta que, "infelizmente, ainda existe um longo caminho a percorrer nesta área em concreto e com uma larga margem de trabalho pela frente".
"A título de exemplo, na região de Lisboa, e com base nos dados da Agência de Energia e Ambiente de Lisboa e da Divisão de Iluminação Pública, o número total de luminárias é de cerca de 71 mil. Destas, as lâmpadas de sistema diversos (sódio, mercúrio, iodetos metálicos, fluorescentes, etc.) representam 85% do número total de luminárias. As lâmpadas LED representam apenas 15% do número total de luminárias atualmente na cidade de Lisboa", remata.
Em suma, é verdade que mudar a iluminação das ruas para LED pode permitir poupança energética de 80%, como afirmou Moedas e também é verdade quando se afirma que os candeeiros instalados nos últimos 10 anos incluem tecnologia LED. No entanto, importa referir que, quando o presidente da CML falou sobre a eficiência energética da troca da iluminação das ruas, não se referia a novas instalações, mas sim à substituição de lâmpadas antigas por sistemas mais avançados e eficientes.
Avaliação do Polígrafo:
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